Kaizen : O que é, para que serve?

A alma do Lean

Kaizen pode ser traduzido do japonês como mudar (Kai) para melhor (Zen), ou como é conhecido em português “melhorias contínuas”. Kaizen é a alma do Lean. Só podemos dizer que uma empresa é Lean (ou Enxuta) se ela está 100% comprometida com as melhorias contínuas. Ou, seja, em buscar melhorar todos os seus processos sempre.

Muito mais que um conjunto de ferramentas de qualidade, o que faz uma empresa Lean é a sua cultura. Em um ambiente com cultura enxuta, todos devem sempre estar altamente comprometidos com a busca incessante por melhorias, em uma neurose coletiva, e positiva, por fazer sempre melhor. E é justamente este o maior desafio na implantação do Lean. Pois mudar a cultura de uma empresa nunca é algo simples. Funcionou muito bem nas empresas japonesas porque a cultura nacional japonesa é uma cultura que valoriza o grupo e o comprometimento com o empregador. E quase nunca deu certo nos EUA porque lá a cultura dominante é a cultura individualista e extremamente profissional na relação entre empresas e funcionários, que normalmente se vêem apenas como vendedores de horas, não como parte integrante do grupo. Existem bons exemplos de sucesso de Lean no Brasil porque somos menos individualistas que os norte-americanos, mas é importante entender que fazer o Kaizen funcionar é muito mais que ensinar técnicas, é um trabalho de mudança cultural!

Kaizen tem a premissa de que todos da empresa tem que buscar ser a cada dia melhores do que foram antes. Desempenhar processos mais rapidamente, com menos erros, ocupando menos espaço, evitando qualquer tipo de desperdício. Não devem ser mudanças vindas da “equipe de engenheiros” ou dos “gerentes”, mas sim mudanças feitas pelas próprias pessoas que desempenham as atividades, no dia a dia do gemba (chão-de-fábrica, ambiente onde as atividades são desempenhadas). Isso implica em mais duas importantes mudanças:

são necessários profissionais com mais conhecimento e preparo, pois eles serão responsáveis não apenas por fazer algo previamente estabelecido, mas também em entender o que fazem o suficiente para buscar melhorias;
a liderança precisa atuar de forma diferente, sendo menos impositiva, menos prescritiva, buscando ser o maestro de uma equipe que se auto-gerencia e busca por si mesma melhorar.

O que acho interessante do Kaizen é que é algo que vai além dos limites das empresas. É trazer essa cultura oriental para a vida. Não deveria ser uma obsessão de cada um de nós buscar a cada dia ser melhor do que foi antes? Não é justamente esta a graça da vida, mudar sempre, tentando sempre melhorar? Pois ninguém nasce perfeito, mas temos o potencial de entender que viver é crescer, é aprender. “Eu prefiro ser uma metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo” (Raul Seixas). E empresas que mudam sempre terão muito mais chances de sobreviver do que aquelas que ficam presas ao passado.